A COP30 será realizada em 2025, em Belém. A conferência representa uma oportunidade única para o Brasil. Não só por trazer as principais discussões acerca das mudanças climáticas para o meio da Amazônia, mas também por ser uma vitrine mundial para que as empresas possam expor a inovação e expertise nacional relacionada à sustentabilidade.
A COP pode ser um importante impulsionador de transformações na questão socioambiental no Brasil. Porém, as empresas que desejam se destacar no evento devem se preparar desde já, inserindo-se cada vez mais profundamente neste ecossistema.
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O que é a COP30?
COP (Conference of the Parties) é a conferência anual realizada pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Nela, os países signatários se reúnem para discutir temas relacionados às mudanças climáticas e o desenvolvimento econômico sustentável.
A conferência acontece para promover a troca de informações e alinhar as ações adotadas pelos países membros no que se refere ao enfrentamento às mudanças climáticas. A cada ano, são avaliadas as medidas e revisadas as metodologias de análise, além de serem discutidas inovações que podem colaborar nesse sentido.
A COP foi criada na esteira da ECO-92, evento que aconteceu no Rio de Janeiro e marcou a criação da UNFCCC. Na conferência, 197 países concordaram em “estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera para evitar interferências perigosas da atividade humana no sistema climático”.
Dois anos depois, em 1994, foi realizada a primeira COP, em Berlim. Desde então, importantes marcos foram alcançados. Destacam-se o Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, e o Acordo de Paris, de 2015, quando as nações concordaram em alinhar esforços para limitar o aquecimento global a 1,5 ºC em relação às temperaturas pré-industriais.
Em 2021, durante a COP26, realizada na Escócia, criou-se o Livro de Regras de Paris. Trata-se de diretrizes para a implementação prática das medidas acordadas em 2015. Além disso, mesmo diante da aceleração da crise climática e do atraso em alcançar os objetivos previstos, as nações concordaram em manter a meta de conter o aquecimento do planeta em 1,5 ºC.
Edição em Belém
Em 2025, a COP30 será sediada no Brasil, em Belém do Pará. O presidente da República, em fala publicada no site do governo federal, destacou a importância do evento para o debate sobre a Amazônia perante o mundo:
“Agora nós vamos discutir a importância da Amazônia dentro da Amazônia. Nós vamos discutir a questão indígena, vendo os indígenas. Nós vamos discutir a questão dos povos ribeirinhos, vendo os povos ribeirinhos e vendo como eles vivem”, disse.
Já o ministro da Casa Civil ressalta a necessidade de enfatizar a importância da floresta em pé e preservada. Para ele, isso significa “cuidar da biodiversidade, cuidar das pessoas que vivem na região, dar dignidade a todas elas, e garantir o papel central que a floresta tem no combate ao aquecimento global e às mudanças climáticas”, disse em fala ao portal do governo.
Por que a COP30 é importante para empresas brasileiras?
Para entendermos como as empresas brasileiras podem se beneficiar da COP30, é necessário dar um passo atrás e compreender o papel da Amazônia no contexto da crise do clima e para o desenvolvimento sustentável do Brasil.
Marcos Da-Ré, diretor do Centro de Economia Verde da Fundação CERTI, destaca a importância da floresta. “A Amazônia pode ser um acelerador do risco das mudanças climáticas, se continuar este ritmo de degradação, ou ela pode ser uma grande contribuição ao mundo no contexto de reduzir os efeitos das mudanças climáticas”.
Para garantir que a Amazônia cumpra o seu papel positivo, não basta apenas reduzir a degradação e cumprir as metas de redução do desmatamento estabelecidas pelo governo. Para Marcos, parte da solução está em tornar a floresta em pé competitiva do ponto de vista econômico – aqui entram as empresas brasileiras, principalmente aquelas inseridas no contexto da bioeconomia.
E, nesse sentido, a COP30 pode ser fundamental para consolidar esses avanços no Brasil. “Nos últimos anos, o sinal de que o Brasil passou para mundo é de negacionismo, de que as mudanças climáticas não são relevantes e de que a floresta em pé não é relevante”, diz Marcos
Para ele, trazer a COP30 para o País é uma mensagem de que essa visão mudou: essas questões são importantes e a Amazônia tem papel-chave nisso.
“Se para manter a floresta é necessário criar competitividade – e para isso precisamos de inovação, de negócios –, a COP30 na Amazônia significa um marco mobilizador de exposição de potenciais tecnologias, produtos e marcas que é extremamente relevante”, complementa.
Uma vitrine de boas soluções
Porém, o prazo para consolidar essa posição é curto. “Nós temos até 2025 para desenvolvermos e apresentarmos ao mercado soluções que estejam associadas à conservação da floresta. Isso é, para os negócios amazônicos, uma vitrine que eles jamais teriam”, enfatiza Marcos.
A COP30 pode representar um marco para as empresas brasileiras, expondo o potencial da inovação brasileira relacionada à biodiversidade e ao clima para todo o mundo. E esse movimento é, como lembra Marcos, fundamental para mudar a perspectiva de valor futuro para a floresta.
“Quem perder essa oportunidade, está perdendo uma chance de se reinventar em um contexto que vai ser a tendência do futuro. Se você não tiver soluções para lidar com mudanças climáticas, o seu negócio vai ficar fora do mercado”, alerta.
Como grandes empresas podem se preparar para a COP no Brasil?
Mesmo diante da importância da COP30 para a geração de novos negócios, muitas empresas ainda têm dificuldade de desenvolver ações concretas para apresentar na conferência.
A questão é que, cada vez mais, o mercado está em busca de ações que realmente geram impactos positivos, e se afastando do mero greenwashing. Portanto, muito além de ações de marketing com foco em sustentabilidade, as organizações precisam estabelecer iniciativas que gerem benefícios socioambientais de fato.
A COP no Brasil é uma ocasião única e é preciso aproveitar este momento. “Temos a oportunidade de gerar uma transformação a partir do advento da COP na Amazônia. Ela não resolve os problemas, mas é mobilizadora. E temos que aproveitar para fazer o maior avanço possível neste curto período até 2025”, diz Marcos.
Diante disso, listamos algumas medidas relevantes que podem ser adotadas por empresas interessadas em preparar-se para esse momento:
Definir metas de sustentabilidade
Com os olhares do mundo voltados para o Brasil e, mais especificamente, para a Amazônia, é fundamental que as empresas brasileiras demonstrem que suas cadeias produtivas são sustentáveis.
Mais do que isso, assim como a conferência propõe no âmbito dos países, as organizações precisam de um planejamento claro para os objetivos de mitigação dos impactos ambientais ao longo da sua cadeia. Um exemplo são as metas voluntárias para a redução da emissão de gases do efeito estufa (GEE).
No mercado atual, a sustentabilidade vem se constituindo como um dos eixos centrais das estratégias corporativas. Isso demanda um plano a longo prazo com práticas que permitam reestruturar os processos internos e rotinas de forma a abarcar as questões socioambientais.
Investir em negócios da bioeconomia
O anúncio da realização da COP30 em Belém aqueceu o mercado e impulsionou os investimentos em negócios de impacto da bioeconomia (que aliam retornos financeiros com geração de externalidades positivas).
As empresas devem ficar atentas às oportunidades de investimento em novos negócios, bem como de parcerias sustentáveis. Isso inclui buscar maior aproximação com sua rede de fornecedores e o monitoramento dos diferentes elos de sua cadeia produtiva.
Criar conexão com outras empresas
O cenário político e econômico, tanto no Brasil quanto no exterior, tem levado a uma transformação na indústria em relação a temas como responsabilidade socioambiental e sustentabilidade. Neste cenário, as empresas que se posicionarem bem agora vão colher bons frutos no futuro.
Muitas organizações entendem a importância desse momento e querem adentrar este meio. No entanto, para muitas, o caminho para começar e os retornos possíveis que elas podem obter não são muito claros.
Buscar hubs que promovem conexões de valor e relacionamento com outras empresas, por exemplo, é uma grande vantagem para os negócios que queiram se posicionar de uma maneira estratégica nas questões ligadas ao clima, à sustentabilidade e à economia verde.
Diante dos desafios atuais, é importante que as empresas reconheçam as oportunidades existentes para trazer melhores resultados e tornar seu negócio mais sustentável financeiramente.
Leia mais: Como a Jornada Amazônia ajuda a fomentar inovação nas cadeias da bioeconomia
Como grandes empresas podem se conectar a negócios sustentáveis?
Existem iniciativas que facilitam a conexão de empresas com negócios da bioeconomia. O Amazônia Business Club é uma delas.
O hub foi criado para guiar as organizações no caminho do posicionamento estratégico frente aos temas ambientais e climáticos. Trata-se de um clube de relacionamento oferecido por empresas financiadoras. Os negócios interessados podem fazer parte de forma gratuita, tendo acesso a serviços e benefícios exclusivos.
Um dos grandes diferenciais do Amazônia Business Club é o atendimento personalizado a cada empresa, em que se busca entender os seus desafios e conectá-los com oportunidades.
As organizações que entram para o clube têm acesso a um portfólio de startups selecionadas que geram impactos socioambientais positivos e relevantes. Isso pode contribuir tanto para o alcance de metas ESG empresariais, quanto para se posicionar dentro do ecossistema de impacto e sustentabilidade.
E para que tudo isso seja possível, a Jornada Amazônia é fundamental. A iniciativa é a principal fonte de startups para a comunidade, com perfis e negócios diferentes, e parceiros institucionais para o Business Club. É o que permite ao clube encontrar as melhores opções de investimento para cada grande empresa.
Conheça o Amazônia Business Club, um espaço de relacionamento e engajamento para empresas protagonistas da agenda climática.