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As mudanças climáticas e suas consequências geraram uma corrida por novas soluções e modelos de negócio que não prejudiquem o meio ambiente. A bioeconomia abre as portas para empresas inovadoras que ajudem não apenas a preservar, mas também a recuperar a natureza e, assim, frear as alterações no clima.

De quebra, esses negócios contribuem para o desenvolvimento da economia brasileira e, mais especificamente, das regiões em que estão inseridas. E, nesse contexto, um ecossistema de inovação com grande potencial a ser desenvolvido no Brasil é da Amazônia.

A seguir, vamos entender como as startups da Amazônia impulsionam a bioeconomia do País e contribuem para a presença da floresta em pé. Acompanhe!

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O crescimento das startups da bioeconomia na região da Amazônia

A região amazônica tem uma vocação natural para a bioeconomia. Afinal, trata-se do bioma com a maior biodiversidade do planeta. Isso abre portas para novos modelos de negócios, para a descoberta de novos insumos e para a inovação no sentido mais amplo.

“A bioeconomia é uma forma de valorizar a floresta em pé através desses recursos e da biodiversidade. Uma das maneiras de evitarmos o desmatamento e a derrubada de floresta é gerar valor para ela”, diz Janice Rodrigues Maciel, coordenadora da Plataforma Jornada Amazônia.

Janice alerta, porém, que todo esse potencial não é sinônimo de maturidade. Pelo contrário: segundo ela, o ecossistema de inovação da Amazônia ainda precisa evoluir.

“É uma vocação que está se iniciando e é um desafio fazer com que esse ecossistema se torne mais maduro. Uma série de incubadoras, aceleradoras e fundos de investimento estão indo para a região para fomentar a bioeconomia”, complementa.

Mas a evolução é rápida. Janice compara o cenário atual com o de alguns anos atrás e destaca como programas como o Sinergia e o Sinapse da Bioeconomia, da Jornada Amazônica, ajudaram a aumentar consideravelmente o número de startups da bioeconomia na região.

“Isso acontece justamente em função do desenvolvimento do ecossistema, pois começa a se criar maneiras de dar suporte para o nascimento e crescimento de negócios inovadores”, comenta.

E isso é fundamental para o futuro do País diante das novas demandas globais. O Brasil tem um potencial enorme para liderar o campo das startups de bioeconomia, especialmente a bioeconomia florestal.

“A bioeconomia é um campo muito amplo, e o Brasil não tem condições de competir em outras áreas [como biotecnologia]. Mas a bioeconomia florestal pode nos levar a liderar esse processo devido à riqueza da nossa biodiversidade”, afirma Janice.

Baixe agora: Jornada Amazônia – Como a CERTI atua promovendo iniciativas de desenvolvimento de ecossistemas de inovação de impacto na região amazônica

Como as startups da amazônia impulsionam a bioeconomia no Brasil

Quando falamos de bioeconomia – mais especificamente a florestal – e o potencial que ela representa em um contexto de mudanças climáticas e preocupação com as emissões de carbono na atmosfera, Janice comenta que existem duas abordagens principais:

  • Negócios que evitam o desmatamento e geram competitividade para a floresta em pé. Isso pode se dar, por exemplo, a partir do uso de ativos amazônicos para criar produtos inovadores ou soluções que tornem as cadeias sustentáveis da região mais eficientes.
  • Startups que contribuem para a regeneração da floresta, sobretudo por meio de ações de reflorestamento.

“Essas duas estratégias são voltadas para as mudanças do clima a partir do uso do solo. E hoje, no Brasil, esse é um dos principais fatores para emissão de carbono. Combinadas, elas podem ajudar a endereçar esse que é um dos maiores problemas relacionados ao clima no País”, enfatiza Janice.

Vamos entender melhor a atuação das empresas dentro dessas abordagens:

Apoio para manter a floresta em pé

Essas startups utilizam recursos da biodiversidade e os transformam em produtos inovadores. As principais áreas são cosméticos, alimentos e bebidas, fármacos e fitofármacos, química verde, entre outros.

“Esses negócios valorizam esses produtos e, assim, valorizam a própria floresta, evitando o desmatamento e as emissões de carbono, contribuindo para o clima”.

Alguns exemplos:

  • Manioca: empresa que transforma ingredientes amazônicos em alimentos naturais, valorizando a cultura local e a biodiversidade.
  • Café Apuí Agroflorestal: primeiro café agroflorestal da Amazônia, compensa cada hectare de café plantado com um hectare de área reflorestada com espécies nativas.
  • Apoena: sistema industrial para quebra e extração do coco de babaçu, aproveitando 100% do fruto.

Aumento da eficiência das cadeias produtivas

Essas startups ajudam a gerar competitividade para as cadeias regionais. Exemplos:

  • AeroRiver: desenvolve um “barco voador” para agilizar o transporte de cargas e pessoas na região, aproveitando os rios e fornecendo uma alternativa mais sustentável e eficiente.
  • Solaris: desenvolve barcos elétricos, abastecidos a partir de painéis fotovoltaicos. Também cria postos de carregamento.
  • ManejeBem: aplicativo para o fornecimento de serviços de monitoramento e otimização da produção agrícola a partir de assistência técnica. É voltado para a agroindústria e para agricultores familiares.
  • Agrosmart: maior rede de dados agrícolas da América Latina. Traz informações sobre a produção e os fatores relacionados (clima, solo e irrigação), além de fornecer insights sobre rendimento.

Reflorestamento e captura de carbono

Startups voltadas para restauração das áreas de floresta e gestão de ativos florestais. Alguns cases:

  • RestaurAgro: serviços de regularização de passivos ambientais e acesso a crédito para pequenos pecuaristas, com projetos de restauração ecológica.
  • Radix: plataforma que combina florestas plantadas para produção de madeira nobre, restauração produtiva, tecnologia e economia compartilhada para gerar títulos verdes que são ofertados via crowdfunding para promover o desenvolvimento sustentável.
  • Belterra Agroflorestas: estabelece parcerias com pequenos e médios agricultores fornecendo assistência técnica e extensão rural especializada em agricultura regenerativa, acesso a crédito e a mercados compradores de produtos de Sistemas Agroflorestais.

Como desenvolver startups da bioeconomia na Amazônia

Para que as startups com soluções e modelos de negócios voltados para a Amazônia possam se desenvolver, Janice destaca a participação nos programas que são oferecidos neste ecossistema como o principal ponto.

Isso se deve, principalmente, pela possibilidade de networking com outras startups, com mentores e grandes empresas.

Outra questão importante é a inserção da empresa nos ambientes de inovação. Isso envolve incubadoras e aceleradoras, inclusive de instituições públicas, como institutos federais e universidades.

A Universidade do Estado do Amazonas (UEA) é um exemplo. A instituição desenvolveu um mestrado profissional chamado Rainforest Social Business School. O curso é voltado para a formação de empreendedores.

Fechando este tripé, Janice fala da participação em programas de estímulo à inovação e ideação, como o Gênese, da Jornada Amazônia, que estimula talentos a inovar e ativa o espírito de empreender na bioeconomia.

“Essa é uma ótima forma de as pessoas empreendedoras entrarem em contato com o tema, se inserirem  neste ecossistema e conhecerem os principais atores e como eles podem ajudar nos diferentes momentos da jornada empreendedora. O Gênese, por exemplo, tem esse papel”, comenta Janice.

Para conhecer mais sobre o potencial da região, baixe agora o e-book A floresta em pé e a bioeconomia na Amazônia!