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A emergência climática exige novas posturas e soluções por parte de empresas, governos e pessoas. A matriz energética global tem incorporado um número cada vez maior de fontes renováveis, evidenciando a tendência de descarbonização das economias.

Central na construção de uma economia de baixo carbono, a descarbonização demanda medidas que reduzam a emissão dos gases do efeito estufa e aumentem a eficiência energética – da indústria às residências.

Nesse contexto, o Brasil se encontra em uma posição privilegiada. A matriz energética brasileira é majoritariamente renovável e o País tem plenas condições de descarbonizar a sua economia, alinhando-se às tendências de emissões neutras (net-zero) e sendo referência para países com características semelhantes.

Neste artigo, trazemos um panorama sobre o cenário atual e perspectivas e desafios para alcançarmos esses objetivos. 

Descarbonização: cenário atual e desafios de mudança

A descarbonização é o processo de redução dos níveis de emissão de CO2. A ideia é levar esses patamares para o mais próximo possível de zero.

Na indústria, por exemplo, isso passa pela substituição da energia proveniente de fontes não renováveis por alternativas limpas.

Mas não basta apenas consumir melhor, o ideal é também consumir menos, o que se dá por meio do aumento da eficiência energética (redução de desperdícios e perdas e melhor aproveitamento). 

A descarbonização é fundamental sob diversas perspectivas. Para a competitividade do Brasil e das suas empresas no cenário global, representa a criação de oportunidades e redução dos chamados riscos de transição. Como exemplo pode-se mencionar as novas regulações internacionais vigentes, como o CBAM e a lei antidesmatamento da União Europeia.

Concomitantemente aos aspectos regulatórios, há também os benefícios para a redução da frequência e intensidade de eventos extremos, que causam prejuízos aos ecossistemas e a infraestruturas. Isso também reduz o risco físico ao qual alguns setores da economia podem estar suscetíveis, como o agronegócio.

Felizmente, em 2022, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa do Observatório do Clima, o Brasil registrou queda de 8% na emissão de gases do efeito estufa

De acordo com o mesmo estudo, entretanto, o País é hoje o sexto maior emissor de gases do efeito estufa do planeta (dados relativos a 2020). Somente entre 2019 e 2022, o País emitiu mais de 9 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e).

E há uma série de fatores que contribuem para isso, mas podemos destacar três:
  • As taxas de desmatamento: segundo o Imazon, 2022 registrou os maiores índices em 15 anos. A devastação dos biomas correspondeu a 48% do total de CO2 emitido.
  • A atividade agropecuária: fundamental para a economia do País, as emissões agrícolas são a segunda categoria que mais emite gases poluentes na atmosfera, sendo responsável por 27% das emissões do país no ano de 2022.
  • O setor de transporte: maior consumidor de combustíveis fósseis no Brasil, as emissões são impulsionadas principalmente pelo foco quase exclusivo na malha rodoviária.

À sua frente o Brasil tem desafios e oportunidades que estão conectadas. E as medidas também passam, entre outras ações, pela reindustrialização do País.

Desse desafio nasce a oportunidade de ampliar a participação da indústria na economia de forma alinhada às tendências e demandas por sustentabilidade no contexto da transição energética. E isso inclui, é claro, soluções voltadas à descarbonização.

Para isso, exige-se uma convergência de esforços entre governo e iniciativa privada. É necessário que a infraestrutura do País seja adequada aos padrões globais, e a sua economia, atrativa para investimentos. Mais do que isso, são necessários incentivos em pesquisa, desenvolvimento, inovação e qualificação profissional.

O Plano de Retomada da Indústria, elaborado pela Confederação Nacional Da Indústria (CNI), é um exemplo de movimento neste sentido. 

Com vistas à chamada “neoindustrialização” do Brasil, o documento aborda medidas em frentes que têm relação direta com o desenvolvimento sustentável e descarbonização da economia brasileira. É o caso da bioeconomia, da economia circular e da conservação das florestas.

Leia mais: Oportunidades na bioeconomia para empresas tradicionais

Tendências e tecnologias que podem alavancar a descarbonização

A descarbonização é um desafio que precisa ser solucionado em escala. Nesse sentido, a tecnologia é essencial, ajudando a aumentar a eficiência energética e a desenvolver fontes de energia e formas de armazenamento mais sustentáveis.

Um exemplo que podemos citar é o hidrogênio verde, produzido a partir da eletrólise da água e que não produz dióxido de carbono.

O Plano de Retomada da Indústria, citado acima, prevê a implementação da cadeia de valor do hidrogênio e a redução dos custos de fontes de energia limpa.

O Brasil tem uma oportunidade única para se tornar uma potência mundial em energias limpas. E não é só pelo hidrogênio verde. O País tem grande potencial no que se refere à energia eólica, fotovoltaica e de biomassas, além dos combustíveis menos poluentes, como o etanol.

Há muitas tecnologias desenvolvidas para aumentar a eficiência dessas fontes, dos túneis de vento para energia eólica a placas fotovoltaicas bifaciais, que também captam a radiação refletida no solo.

Essas inovações colaboram para outro aspecto de extrema importância para a descarbonização de fato e o aumento da eficiência: a diversificação das fontes de energia.

Paralelamente, uma abordagem que as empresas podem trabalhar é a de Beyond Value-Chain Mitigation (BVCM). O conceito está relacionado à ações voltadas para promover a redução de emissões e sequestro de carbono para além da operação e da cadeia de valor direta da empresa, como o investimento em projetos e negócios de impacto que gerem resultados positivos para o clima.

A estratégia de Beyond Value-Chain Mitigation agrega valor para os negócios ao diferenciá-los e destacar seu posicionamento na corrida global da sustentabilidade e descarbonização. É uma forma das empresas tornarem-se mais atraentes para investidores, parceiros, clientes e talentos.

A floresta em pé como estratégia de descarbonização

Segundo o SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa), para que o Brasil cumpra as metas estabelecidas no Acordo de Paris, é necessário reduzir as taxas de emissões do desmatamento na Amazônia em 49% até 2025.

O relatório mostra que, entre os setores mais poluentes, encontram-se aqueles que promovem mudanças no uso da terra (48% do total) e a agropecuária (27%).

Diante desses números, uma das principais saídas para o cumprimento dos objetivos climáticos e para a descarbonização da economia brasileira passa pela valorização da floresta em pé.

Empreendimentos de impacto na Amazônia estão promovendo a preservação e a recuperação de áreas de floresta. São empresas e modelos de negócio que buscam valor na biodiversidade do bioma, em contrapartida a um modelo que depende da exploração de commodities e da derrubada da floresta.

A estruturação e o impulsionamento de negócios e cadeias produtivas que valorizam os produtos e povos da Amazônia, é essencial para reduzir as emissões de gases do efeito estufa por meio de atividades relacionadas ao uso da terra.

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