A bioeconomia busca gerar valor a partir do uso sustentável da biodiversidade e dos recursos naturais. Este conceito está intimamente ligado à inovação e ao uso de tecnologias verdes e convencionais para gerar um impacto socioambiental positivo.
Geralmente, no centro deste processo estão empresas com modelos de negócio disruptivos (startups) que criam soluções que alinham os objetivos ambientais (conservar os biomas) e sociais (valorizar e gerar oportunidade e renda para as comunidades locais).
A floresta amazônica é um dos ecossistemas com maior potencial, não apenas devido a sua importância para o planeta, mas também pela abundância de iniciativas que promovem o crescimento das cadeias da bioeconomia na região.
Empresas como a Amazonian SkinFood e a Seringô Encauchados, ambas apoiadas pela Jornada Amazônia, são exemplos de empreendimentos de impacto socioambiental e de como uma lógica produtiva focada na diversidade pode potencializar a geração de valor na floresta.
Neste post, vamos nos aprofundar na importância do desenvolvimento das cadeias da bioeconomia na floresta e no papel da Jornada Amazônia no fomento à inovação na região. Acompanhe!
Criar valor em escala econômica a partir da inovação
A bioeconomia na região amazônica não se resume ao uso de tecnologias verdes. Pelo contrário: qualquer tecnologia que seja utilizada para transformar a realidade de criação de valor, oportunidades e renda para as comunidades locais faz parte deste conceito – desde que não seja prejudicial ao meio ambiente ou às pessoas, é claro.
É isso que deve embasar o modelo de negócios das startups que atuam na região e que são formadas pela Jornada Amazônia. É o que se chama de empreendimento de impacto, isto é, que gera valor ambiental e/ou social.
Portanto, ao falar de cadeias de bioeconomia na região, não devemos nos limitar às tecnologias verdes. Uma simples solução que ajude pequenas comunidades a conservar melhor sua produção, por exemplo, já é algo que gera um impacto social positivo e cria valor.
O que deve ser necessariamente disruptivo é o modelo de negócios. Não basta que o empreendimento tenha um impacto apenas social ou apenas ambiental. Na bioeconomia, o desenvolvimento de um não pode ocorrer em detrimento do outro. Para conservar a floresta, é fundamental a inovação e a inclusão dos negócios comunitários nas cadeias de valor.
É o que destaca Marcos Da-Ré, diretor do Centro de Economia Verde da Fundação CERTI: “o papel dessas startups – aqui entendidas como empreendimentos inovadores – na cadeia da bioeconomia é criar valor em escala econômica a partir da inovação e, ao mesmo tempo, distribuí-lo para a floresta, gerando competitividade”.
Para ele, é aqui que entra a importância do olhar para o mercado. Sem isso, os negócios não darão certo. Afinal, a inovação não se resume a uma tecnologia ou a uma boa ideia; inovação é uma solução que foi capaz de produzir uma transformação positiva na sociedade.
Marcos comenta que esses novos negócios devem olhar para o mercado como uma oportunidades de sustentação econômica, mas considerando também os beneficiários da sua atuação. E, geralmente, são as comunidades da floresta.
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A necessidade da diversidade de usos sustentáveis da floresta
As cadeias de bioeconomia podem ser entendidas sob diferentes abordagens. A abordagem defendida pela Jornada Amazônia tem foco na floresta e em outros ecossistemas nativos da região como fonte para negócios de bioeconomia.
Dentro dessa abordagem, uma perspectiva possível é olhar para as cadeias que têm origem nesses ecossistemas. É o caso de insumos como o açaí e a castanha, mas também de ingredientes menos conhecidos e que podem gerar novas cadeias na região.
Quando se fala em bioeconomia na Amazônia, refere-se a qualquer matéria-prima ou processo produtivo que se possa transformar em valor econômico e gerar competitividade para a floresta.
A proposta da Jornada Amazônia é justamente promover iniciativas e negócios que aumentem a competitividade da floresta em pé em relação a outros modelos de produção e uso da terra que impliquem em prejuízos à biodiversidade.
E diversidade é uma palavra-chave para este objetivo. Afinal, é preciso valorizar a variedade que a floresta tem a oferecer e evitar o fomento apenas ao plantio de espécies mais lucrativas.
Um exemplo é o próprio açaí. Hoje, trata-se de uma cadeia global, conhecida em todo o mundo, seja como alimento ou como ingrediente para cosméticos, por exemplo. Uma economia focada na Amazônia deve saber aproveitar a cadeia do açaí, mas sem que essa alta demanda o transforme em uma monocultura, prejudicando a diversidade da floresta.
Assim, chegamos a outra perspectiva possível, que trata do olhar para o mercado. É isso que garante a geração de valor para as cadeias originadas da floresta e, ainda mais importante, a diversificação dentro da mesma cadeia.
Portanto, quando falamos em mercado, não basta falarmos sobre um insumo específico. É preciso falar de todos os setores que podem se beneficiar desses recursos. Isso é fundamental não apenas para desenvolver uma determinada cadeia, mas para gerar oportunidades mais diversas dentro de uma mesma área.
Inovação para manter a floresta em pé: o propósito da Jornada Amazônia
A estratégia histórica de conservação da floresta se baseia na atuação do Estado e seu papel de legislar e fiscalizar. Embora os últimos anos tenham mostrado que essa atuação é extremamente necessária, fica claro que não é o suficiente para a preservação dos biomas.
Marcos destaca que é essencial mostrar para a sociedade que a floresta pode ser estratégica sob diferentes perspectivas, incluindo o desenvolvimento econômico do País. Para ele, se isso não for feito, o Estado sozinho não terá força para preservá-la e mantê-la em níveis aceitáveis.
“Se não trouxermos uma forma complementar – e não substitutiva – para que a floresta seja mantida pela essência do que ela representa para a sociedade, incluindo a criação de valor e soluções de problemas, vamos perder uma janela de tempo que vai limitar nossa capacidade de manter a floresta”, alerta Marcos, lembrando da perda de resiliência da floresta e o ponto de não retorno.
O papel das novas cadeias de bioeconomia é evitar os erros do passado. Ciclos como o da borracha na região amazônica não só foram desiguais (a riqueza gerada não alcançou toda a cadeia), como viveram um processo de ascensão e queda muito brusco. Isso se deu, em parte, pelo modelo meramente extrativista.
Nesse sentido, para gerar uma crescente de valor estável, com uma curva de desenvolvimento econômico robusta e sustentável, Marcos destaca, novamente, que é preciso inovação. É uma inovação que seja realmente transformadora.
“Essa inovação precisa estar alinhada às demandas atuais do mercado, sinalizando que a floresta tem potencial de criação de valor que pode tornar o Brasil uma potência de bioeconomia com base na inovação, e não apenas na sua biodiversidade”, aponta.
Mercado, floresta e comunidades
Para lidar com a necessidade de diversificação das cadeias da bioeconomia e gerar valor mais rapidamente, é preciso criar uma ponte entre o mercado e a floresta e suas comunidades. E isso é papel da inovação.
No entanto, para que isso seja possível, é fundamental o desenvolvimento de um ecossistema de inovação robusto, diverso e economicamente relevante. Ele se baseia em um tripé composto por mercado, capital e talentos: são as pessoas que empreendem e criam soluções e empreendimentos de impacto, que efetivamente moldam e transformam a realidade.
Nesse sentido, na trajetória evolutiva dos empreendedores, desde uma ideia em potencial ao ponto em que seu empreendimento se torna uma ideia bem-sucedida, essas pessoas precisam de apoio para lidar com as diferentes dificuldades e desafios.
Foi com isso em mente que a Jornada Amazônia desenvolveu seus três programas: o Gênese, Sinapse da Bioeconomia e Sinergia, que oferecem todo o suporte para os empreendedores na sua trajetória.
O Programa Gênese ajuda a despertar os talentos e os conhecimentos que podem gerar uma solução transformadora. Com uma ideia formulada, os empreendedores precisam de apoio para levá-la adiante como empreendimento. Este é o papel do Programa Sinapse da Bioeconomia.
Com a empresa criada, é preciso torná-la um negócio sustentável, pronta para lidar com os desafios do mercado e superar o chamado “vale da morte”. Neste posto, o Programa Sinergia oferece a capacitação e as conexões necessárias com possíveis parceiros e investidores.
“Não é a Jornada que vai resolver os problemas da Amazônia. Ela se propõe a ser algo relevante para promovermos a competitividade da floresta e, assim, resolvermos muitos dos problemas que a acometem. Ela é um elemento mobilizador do ecossistema de inovação da região”, enfatiza Marcos.
Conheça a Jornada Amazônia e seus programas e veja como a sua ideia pode colaborar para a preservação da floresta e para a geração de valor para as comunidades locais.