A produção de cacau é uma atividade econômica importante no Brasil, especialmente na região amazônica. A cadeia produtiva do cacau envolve desde o cultivo das amêndoas até a transformação em produtos como chocolate e cosméticos.
A importância do cacau vai além de sua contribuição econômica, pois a bioeconomia aplicada a essa cadeia pode promover práticas agrícolas sustentáveis, conservar a biodiversidade e aumentar a renda dos produtores locais.
Iniciativas de bioeconomia incluem o uso de tecnologias inovadoras para melhorar a produtividade e a qualidade do cacau. Além disso, abrangem métodos agroflorestais que preservam a floresta em pé.
Neste artigo, entenda sobre a produção de cacau na Amazônia, os impactos que ela causa e conheça as iniciativas sustentáveis que esse processo gera. Confira!
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O contexto da produção de cacau na Amazônia
A produção sustentável de cacau na Amazônia possui características únicas que a diferenciam de outras regiões. O cultivo envolve a preservação da floresta, mantendo a biodiversidade local. A colheita é realizada por comunidades tradicionais, como ribeirinhos, que utilizam métodos sustentáveis.
O beneficiamento geralmente ocorre em pequenas unidades familiares, integrando práticas de agroecologia e economia solidária, garantindo a sustentabilidade ambiental e social da cadeia produtiva do cacau na Amazônia.
A floresta amazônica é rica em diversidade de cacau, incluindo o selvagem, originário dessa região. Também conhecido como nativo, ele possui características únicas e sabor distinto, valorizado por chocolaterias de todo o mundo.
Além do cacau selvagem, a Amazônia abriga outras variedades, como o cacau comum e o cacau crioulo, cada uma adaptada às condições locais e manejada por comunidades tradicionais.
Essas variações contribuem para a sustentabilidade e a biodiversidade da produção na região, promovendo a preservação ambiental e a valorização dos produtos locais.
Victor Augusto Moreira, pesquisador da Fundação CERTI e coordenador da Jornada Amazônia, contou que a produção de cacau no Brasil é realizada em grande escala para abastecer grandes marcas de chocolate.
Na Amazônia, há uma oportunidade de fortalecer a variedade de cacau para o mercado de chocolate fino, o que oferece um maior valor agregado. Esse tipo de chocolate, que segue padrões diferentes, atrai consumidores que buscam qualidade e características distintas em seus produtos.
“O mercado de cacau está muito bem valorizado e, com isso, é possível vender cacau fino a preços mais altos devido à oscilação no mercado mundial. Além disso, podemos usar a fruta para fazer outros produtos como nibs de cacau, cacau em pó e manteiga de cacau, aumentando ainda mais o valor adicional”, afirma Victor.
Os impactos da produção de cacau na região amazônica
O Pará é o principal produtor de cacau do Brasil, sendo responsável por 51,80% da produção nacional. No estado, cultiva-se o cacau selvagem, conhecido por seu sabor único.
Segundo a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), em 2023 o estado produziu aproximadamente 150 mil toneladas de amêndoas de cacau, resultando em um valor bruto de produção de R$2,4 bilhões.
A valorização do cacau, devido à oscilação no mercado mundial, tem incentivado o desenvolvimento econômico das regiões produtoras, ao mesmo tempo em que contribui para a preservação da floresta.
Esse crescimento é alcançado através de práticas sustentáveis que envolvem o cultivo do cacau em sistemas agroflorestais, mantendo a vegetação nativa e evitando o desmatamento.
Essa atividade está alinhada com a crescente demanda mundial por métodos de produção mais sustentáveis, beneficiando o meio ambiente e as comunidades locais, que estão envolvidas no cultivo, colheita, transporte e refinamento do cacau, proporcionando fonte de renda para essas comunidades.
Dessa forma, a valorização do cacau não só melhora a renda e a qualidade de vida dos agricultores, mas também promove a sustentabilidade ambiental.
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As iniciativas sustentáveis da produção de cacau na Amazônia
Na Amazônia, a produção de cacau envolve diferentes tipos de negócios. Existem aqueles focados no beneficiamento do fruto para venda B2B, onde a fruta passa por processos como secagem e fermentação antes de ser vendida como matéria-prima.
Outro modelo envolve o beneficiamento para a produção de produtos B2C, como chocolate e nibs, agregando mais valor ao produto final.
Também existe a cultura em escala, onde o cultivo é feito em grandes áreas, muitas vezes por cooperativas ou agroindústrias. Essas centralizam a produção para garantir padrões de qualidade e eficiência no processamento.
Esses modelos diversificados permitem que a cadeia produtiva do cacau contribua para o desenvolvimento econômico sustentável da região.
A Cacauaré, por exemplo, é uma startup com um modelo de negócio que atende ao mercado B2B e ao B2C, promovendo a nutrição funcional e experiências sensoriais.
Originária de uma família com quatro gerações de produtoras de cacau, a empresa vende nibs, granolas, chás, e geleias, além de oferecer experiências imersivas de ritual e cerimônia do cacau.
A Cacauaré utiliza tecnologia blockchain para assegurar a rastreabilidade dos produtos, contribuindo para a sustentabilidade e preservação da floresta.
“Nosso objetivo é proporcionar ao consumidor acesso a produtos autênticos da Amazônia, com alta qualidade e praticidade. Valorizamos a cultura local e promovemos práticas sustentáveis, beneficiando tanto os produtores quanto os consumidores”, explica Noanny Maia, uma das fundadoras da Cacauaré.
Cacau de alta qualidade
A Zeno Nativo é uma startup especializada na produção de cacau nativo de alta qualidade e no beneficiamento de castanhas-do-pará com foco na cadeia B2B.
Na produção de cacau, a marca utiliza fornecedores de comunidades tradicionais e realiza o processamento na Amazônia profunda. O processamento é feito promovendo a economia local e se concentrando na preservação da biodiversidade para oferecer produtos que respeitam o meio ambiente e valorizam o cultivo tradicional do cacau.
A Zeno atua com compromisso na inovação de técnicas agrícolas, garantindo a excelência do seu cacau desde a plantação até a comercialização.
A Belterra é uma startup que opera em larga escala, focando no desenvolvimento de florestas produtivas que combinam culturas de ciclos curtos e longos para regenerar a terra e oferecer retornos econômicos sustentáveis.
Entre as culturas plantadas, destaca-se o cacau, além de outras como cupuaçu, açaí e mandioca. A startup trabalha com diferentes modelos de parceria, incluindo arrendamento, parceria rural e integração, promovendo um uso eficiente e sustentável das terras.
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