A Seringô é uma marca criada a partir de uma cooperativa de seringueiros e artesãos da região amazônica, principalmente no estado do Pará. Com foco em práticas sustentáveis, produtos ecológicos e na inclusão socioeconômica das comunidades locais, a empresa tem por objetivo iniciar um novo ciclo da borracha na Amazônia, com um modelo voltado ao empreendedorismo e à autonomia dos produtores.
Buscando escalar seu negócio e abranger ainda mais os povos originários e a população do local, a Seringô participou do programa Sinergia, que faz parte da Jornada Amazônia. Com base em mentoria e na conexão dos empreendimentos com atores do mercado, essa iniciativa ajuda as empresas a estruturarem seus próximos passos para ganhar tração e crescer.
A seguir, vamos conhecer mais sobre a Seringô, seu trabalho e como a Sinergia foi importante para o seu desenvolvimento. Acompanhe!
O uso de tecnologia social para criar produtos sustentáveis
Com uma história que remete à década de 1980, a Seringô é um projeto desenvolvido na região amazônica a partir da reativação de seringais nativos que se tornaram improdutivos após o ciclo da borracha nos estados do Norte do País.
Desde seu surgimento, seu objetivo era romper com a antiga cadeia patronal da extração do látex e produção da borracha, onde os seringueiros eram vistos apenas como mão de obra barata para o lucro dos seringalistas.
A partir da criação de uma cooperativa, a Seringô uniu os produtores locais – em sua maioria indígenas e comunidades tradicionais –, formando uma rede para geração de oportunidades e renda.
Para isso, foram criadas áreas de reserva extrativista, onde os seringueiros têm liberdade e autonomia para produzir no espaço dos seus ancestrais, fazendo a exploração sustentável do látex e aplicando o conhecimento que carregam a gerações.
Hoje, a Seringô abrange produtores e artesãos, conectando-os ao mercado de modo a fomentar o empreendedorismo local. As pessoas vivem do fruto do seu próprio trabalho e são livres para negociar com quem quiserem e da forma que acharem melhor.
A matéria-prima utilizada pelos produtores é o encauchado, borracha natural produzida em seringais nativos a partir da mistura do látex com fibras vegetais da Amazônia, como resíduos da indústria do açaí.
Esse material foi desenvolvido a partir da união entre pesquisas acadêmicas e a tradição dos povos amazônicos, e o grande diferencial dessas peças é a tecnologia social aplicada a elas.
Suporte em três frente: na produção artesanal, no conhecimento e no melhoramento da borracha
A partir da valorização de processos artesanais, a iniciativa da Seringô oferece suporte aos produtores em três frentes:
No artesanato, a cooperativa oferece gratuitamente uma solução química que permite aos produtores (neste caso, em sua maioria mulheres) fazer a pré-vulcanização do látex extraído. Esse processo traz mais qualidade ao produto final, protegendo o material (contra chamas, raios UVA/UVB etc.) e conferindo um melhor acabamento.
Esse pequeno suporte, aliás, é fundamental para o empoderamento e para a independência das mulheres da comunidade, mudando as dinâmicas familiares da região. Atualmente, elas têm sua própria renda e trabalho, oferecendo suas criações para mais de 20 lojas em todo o Brasil por meio da cooperativa.
A segunda frente se dá no campo do conhecimento. A Seringô estrutura metodologias para desenvolver o trabalho junto aos seringueiros a partir dos seus próprios conhecimentos.
A empresa fornece o apoio técnico necessário para potencializar o que essas pessoas já sabem fazer, valorizando o aprendizado das gerações ancestrais e trazendo-o para dentro da cadeia produtiva desenvolvida no projeto.
A partir desse suporte técnico, chega a terceira frente: o melhoramento da borracha. A cooperativa buscou formas para desenvolver um processo otimizado de produção. Hoje, a borracha é feita em mini-usinas, processada pelo próprio seringueiro in loco (a partir do cernambi virgem ecológico).
Produção artesanal dispensa até energia elétrica
Assim, o processo industrial de enriquecimento da borracha foi transformado em um processo artesanal de manuseio do látex, dispensando até mesmo o uso de energia elétrica, máquinas ou estufas.
Projetos como a Seringô são o exemplo das potencialidades da bioeconomia na Amazônia. Ao valorizar os conhecimentos dos povos originários e comunidades locais e aliá-los à inovação e ao conhecimento técnico, é possível não apenas manter a mata em pé, como também gerar oportunidade e renda para as pessoas.
Isso permite o desenvolvimento da região e gera outro importante benefício: a redução do êxodo rural. A partir de um projeto para o desenvolvimento de biojoias e do artesanato, a Seringô proporcionou às mulheres da comunidade, sobretudo às mais jovens, oportunidades de ter sua própria renda.
Assim, um cenário comum, que era a migração das pessoas das comunidades para as grandes cidades em busca de melhores condições, deu lugar à permanência das novas gerações, ao seu empoderamento e à inclusão socioeconômica.
O Programa Sinergia como apoio para escalar o negócio
Em 2021, a Seringô participou de uma das edições do programa Sinergia, da Jornada Amazônia, que oferece diagnóstico do negócio, suporte em diferentes áreas (financeiro, jurídico, produto etc.) e conexão com o ecossistema de inovação para ajudar na etapa de evolução de start-ups de bioeconomia.
O objetivo era crescer e dar tração e escala ao modelo de negócio da cooperativa, principalmente para a produção de calçados do encauchado, uma vez que as biojoias e o artesanato já possuem mais penetração do mercado.
Como resultado da participação no programa, a Seringô conseguiu estruturar melhor a parte jurídica e administrativa do negócio e obter uma nova visão de organização institucional.
A partir do conhecimento obtido com as consultorias e materiais, a empresa consegue, hoje, buscar novas parcerias com uma visão mais voltada para o mercado e com a preparação para evitar práticas desleais de outras empresas.
À parte das parcerias comerciais, recentemente, a Seringô conseguiu, junto ao governo do Pará, tornar a borracha nativa uma política pública do estado. São dois projetos que visam reativar áreas degradadas pela atividade agropecuária e valorizar as comunidades locais, tendo como pano de fundo tornar o Brasil autossuficiente em borracha natural.
Como o Sinergia apoia negócios de bioeconomia na região da Amazônia
O Sinergia é um programa gratuito que tem como objetivo o desenvolvimento de startups e negócios de impacto socioambiental na região amazônica. O que se busca são soluções, serviços e modelos de negócio que contribuam com a bioeconomia da região e com a competitividade da floresta em pé.
Para alcançar este objetivo, o Sinergia atua na promoção da conexão entre esses empreendimentos, o mercado e investidores. O programa oferece apoio personalizado para cada negócio, com materiais que ajudam a resolver gargalos e explorar os pontos fortes de cada empresa.
O programa Sinergia está com inscrições abertas até o dia 10/05. Conheça e inscreva-se!