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A bioeconomia é um modelo de desenvolvimento que se baseia na biodiversidade e nos recursos naturais e envolve diversos segmentos econômicos.  No caso da bioeconomia amazônica, ela cria valor para ou a partir da floresta em pé. Trata-se de fomentar novos negócios que crescem junto com a floresta.

Manter a Amazônia em pé vai além dos ganhos ambientais. O bioma preservado possui um potencial econômico enorme, superando, inclusive, os ganhos obtidos por atividades que degradam e esgotam a floresta.

Modelos de negócio que promovem a preservação e restauração da Amazônia, com respeito e valorização da sua biodiversidade, podem render bilhões anualmente ao País. Além disso, ajudam a proteger e respeitar as comunidades tradicionais, conservando seus modos de vida e saberes.

E esse modelo de produção é perfeitamente alinhado à lógica de mercado. Não são coisas excludentes. Um exemplo: a pesquisa Tendências de Bens de Consumo para 2024 mostra que 37% dos consumidores brasileiros estão dispostos a pagar mais por produtos ecológicos e sustentáveis.

Analisando esse cenário de uma perspetiva macro, isso se torna ainda mais chamativo. A bioeconomia pode gerar até US$ 500 bilhões por ano ao Brasil, segundo grupo de trabalho voltado ao tema dentro do G20.

Dados como esses mostram que investir em soluções sustentáveis é essencial para a sobrevivência dos negócios. Quem perder essa oportunidade, está perdendo a chance de se reinventar num contexto que vai ser a tendência. É o risco de ficar fora do mercado.

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O que são alvos de inovação?

Alvos de inovação são diferentes tipos de soluções que já são demandadas pelo mercado e que podem contribuir para potencializar a competitividade da floresta da pé. Eles representam grandes oportunidades para empreendedores e negócios no contexto da bioeconomia.

O conceito consta em um estudo realizado pela Fundação CERTI com diversas indústrias compradoras de produtos da Amazônia.

A pesquisa buscou entender quais eram as principais dores e gargalos que impediam essas empresas de ampliarem essa demanda e que, se resolvidos, poderiam potencializar o mercado da bioeconomia na floresta.

Quais são os principais alvos de inovação para manter a floresta em pé?

A partir da pesquisa da Fundação CERTI, foram identificados dois grupos de desafios dos quais surgem os principais alvos de inovação na floresta. Vamos conhecê-los:

Assista: Alvos de inovação na Bioeconomia

Qualidade dos produtos da floresta

No contexto amazônico, destaca-se a escassez de soluções para melhorar o controle de qualidade ao longo de toda a cadeia.

Isso ocasiona uma série de perdas da produção ao transporte, que desvalorizam o que é produzido e gera desconfiança no mercado em relação às cadeias produtivas. Os riscos associados a essa imprevisibilidade e falta de organização são vistos como muito altos para a indústria.

Da falta de equipamentos adequados para o extrativismo à escassez de embalagens apropriadas para conservação dos produtos, essas questões impactam negativamente na qualidade do que é produzido na floresta. Além disso, afeta também a segurança e a produtividade de quem vive e produz no bioma.

Exemplo de inovação: o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) desenvolveu uma haste desmontável que permite a coleta de frutos em grandes alturas, trazendo mais segurança para a atividade extrativista. Além disso, a ferramenta permite aumentar a eficiência da coleta, o que impacta na renda das pessoas.

A baixa padronização das matérias-primas é outro problema. Mesmo que causada por questões naturais – como a sazonalidade dos produtos ou alterações no regime de chuvas –, gera-se um desalinhamento entre as necessidades da indústria e a capacidade de entrega da floresta.

De fato, em muitos casos, as exigências do mercado acabam sendo barreiras para que as indústrias comprem da floresta. Por esse motivo, é preciso ter padrões que se mantenham consistentes. Nesse sentido, soluções que ajudam a estabelecer e manter padrões orientados ao mercado são importantes para as cadeias produtivas na Amazônia.

Equipamentos, outro setor que precisa de inovação

Outro desafio que merece ser citado é a necessidade de opções de beneficiamento ainda na floresta ou em etapas mais avançadas de processamento, em arranjos produtivos locais. O maior obstáculo nesse sentido é a indisponibilidade de equipamentos apropriados à realidade da Amazônia. E esse desafio se torna ainda mais grave quando falamos de pequenos negócios que atuam de maneira independente.

Por outro lado, o desenvolvimento de produtos ao longo das cadeias, ainda é apontado pela indústria como uma grande lacuna. Existe uma demanda crescente pelos produtos da floresta, mas que não encontra um cenário confiável para atendê-la.

As soluções para possibilitar o beneficiamento ainda na floresta, no início das cadeias, são fundamentais para solucionar os problemas de escala e de qualidade. Essa medida permite agregar mais valor e aumentar a competitividade ao longo da cadeia, antes mesmo de chegar a mercados maiores.

Quanto mais próxima à origem se dá essa agregação de valor, é mais fácil que esse valor seja retido e distribuído na base, ou seja, nas comunidades locais. Isso faz com que essas pessoas percebam mais valor nas cadeias da bioeconomia, o que é a base para alcançar a competitividade da floresta em pé.

O mesmo raciocínio, diga-se, vale tanto para negócios entre diferentes empresas quanto com o consumidor local. Criar valor local sempre vai ser relevante e demandar soluções inovadoras para o contexto da bioeconomia na Amazônia.

Exemplo de inovação: a Amazônia Smart Food desenvolve alimentos veganos e sem aditivos a partir de insumos amazônicos. Os ingredientes são cultivados por produtores locais e de forma sustentável.

Eficiência da cadeia produtiva

O primeiro ponto de preocupação da indústria diz respeito à logística na Amazônia, fruto das características do próprio território.

A conservação da floresta exige uma lógica diferente – e talvez até oposta – das cadeias logísticas em outras culturas, como nas commodities. Produtos como soja e milho, por exemplo, advêm, via de regra, de monoculturas, que são concentradas e padronizadas. Nessas cadeias, a geração de riqueza acontece pelo volume da produção.

A infraestrutura necessária e os serviços que se organizam para atender as demandas desse tipo de modelo geram pressões que criam um cenário que desconsidera as peculiaridades do território e promovem uma padronização do território.

Na bioeconomia, por outro lado, a floresta é predominante. A paisagem não deve ser simplificada e as particularidades do local não devem ser desconsideradas. Pelo contrário: o que se busca é um modelo de muitas culturas, como os sistemas agroflorestais; algo plural, diverso e espalhado pelo território.

A escala de valor, neste contexto, se alcança pelo diferencial, pelas peculiaridades e por conseguir chegar em mercados que valorizam essas características. É preciso que esses mercados sejam tão diversificados quanto a oferta de produtos da floresta.

E, nesse modelo, a logística é um grande desafio para a inovação e, portanto, um bom alvo para o desenvolvimento de soluções.

Exemplo de inovação: a Solalis é uma empresa que desenvolve projeto para  barcos elétricos movidos a energia solar como alternativa ao transporte feito por meio de embarcações movidas a diesel e que poluem as águas e o ar. O foco da empresa é facilitar o escoamento do que é produzido em regiões muito interioranas até os grandes centros.

Instabilidade da oferta requer atenção

Outro problema apontado pela indústria em relação à eficiência nas cadeias de valor é a instabilidade na oferta de produtos.

Se as empresas não podem confiar na capacidade das cadeias em entregar o que é combinado e demandado, existe um alto risco de elas não demandarem novos produtos. Sequer há a possibilidade de se fazer um planejamento dos investimentos necessários para aumentar a demanda.

As fragilidades da logística e da qualidade do produto comprometem a confiança. Mas existem outros fatores relacionados, como a dificuldade de acesso aos produtores e a baixa organização social e produtiva na base da cadeia.

Além da percepção da indústria, uma perspectiva relevante é a previsibilidade da oferta. A ausência de modelos de negócio integradores e inclusivos reduz a eficiência não apenas na produção, mas também nas etapas intermediárias das cadeias. E isso afeta a confiança da indústria compradora.

Existem outros desafios relacionados à base da cadeia produtiva. Eles têm a ver com o acesso ao mercado (capital, serviços etc). Soluções inovadoras que ajudam neste acesso ao mercado e a um suporte técnico qualificado e que, enquanto modelo de negócio, sejam viáveis e sustentáveis, têm um enorme potencial para gerar transformações relevantes na bioeconomia amazônica.

Exemplo de inovação: a Tucum é um marketplace voltado para a comercialização de arte produzida por povos indígenas. O objetivo da empresa é não só valorizar o que é produzido pelos povos originários, mas conservar sua cultura e preservar a floresta em pé.

Há, ainda, outra barreira de acesso que precisa ser superada. Trata-se da energia e da conectividade. A viabilidade de sistemas de produção e de modelos de negócios inovadores no âmbito da bioeconomia de comunidades extrativistas é muito impactada por esses dois fatores.

Soluções descentralizadas para a geração de energia e conectividade poderiam contribuir para a superação de desafios da Amazônia na bioeconomia.

Como potencializar a competitividade da floresta?

Não são poucas soluções isoladas que vão permitir a superação dos desafios relacionados aos principais alvos de inovação na floresta. O caminho da bioeconomia na Amazônia passa por uma lógica de atuação em rede, de forma cooperada ao longo de toda a cadeia produtiva.

Essa integração e a estruturação de uma cultura de atuação em rede são a essência do empreendedorismo inovador e de impacto. Na bioeconomia da floresta, todos os empreendimentos devem contribuir de maneira direta ou indireta para conservar a Amazônia e torná-la mais competitiva. 

Podemos perceber que, embora tenhamos abordado inúmeros fatores, todos eles estão intrinsecamente conectados – entre si e com a floresta. Diante desses desafios e dessa necessidade latente de criar uma rede integrada de atuação conjunto é que surge o Sinapse da Bioeconomia.

Parte da Jornada Amazônia, esse é um programa de pré-incubação que tem como objetivo fomentar a cultura empreendedora e estimular novos negócios inovadores capazes de auxiliar na preservação da floresta.

Para isso, o Sinapse da Bioeconomia oferece capacitação, suporte e recursos financeiros para ajudar os empreendedores selecionados a transformar suas boas ideias em negócios de sucesso que gerem valor para a Amazônia e contribuam para o fortalecimento do ecossistema de inovação local.

Baixe o e-book Alvos de Inovação na Bioeconomia e entenda que tipos de soluções já estão sendo demandadas pelo mercado e como isso pode contribuir para que negócios inovadores amadureçam seus modelos de negócio e encontrem oportunidades de posicionamento de mercado.