O hidrogênio verde é a aposta de muitos países como principal fonte de energia limpa de alta eficiência para o futuro. Embora os custos de produção ainda sejam muito caros, o potencial deste composto para reduzir as emissões de carbono tem estimulado fortes investimentos de governos e empresas.
Além das metas de descarbonização até 2050, a guerra na Ucrânia e a crise energética causada sobretudo na Europa por conta do bloqueio do petróleo e do gás russos aceleram esses movimentos. E o Brasil tem muito a ganhar neste cenário de transição energética.
A seguir, vamos entender melhor como o hidrogênio verde é obtido e como ele pode beneficiar a sociedade. Boa Leitura!
O que é hidrogênio verde?
O hidrogênio verde (ou simplesmente H2V) é um composto obtido a partir da eletrólise da água (H2O). Neste processo químico, uma corrente elétrica consegue separar os átomos de hidrogênio e oxigênio presentes na água. O hidrogênio é, então, armazenado na forma líquida ou gasosa para ser transportado e usado como combustível.
O hidrogênio verde é, em essência, uma fonte de energia limpa, uma vez que não emite gás carbônico na atmosfera, apenas vapor de água. No entanto, como o processo de eletrólise necessita de muita energia, é fundamental que ele seja produzido com eletricidade proveniente de fontes renováveis (eólica, solar, hídrica etc.).
Outra possibilidade de obtenção é a partir da biomassa de rejeito. Esta alternativa é especialmente relevante para o Brasil, dado o potencial agrícola do País, que gera grandes volumes de rejeito dos quais o composto pode ser extraído.
Embora venha sendo chamado de “combustível do futuro”, o hidrogênio verde ainda é caro de se obter. Mesmo assim, o composto já é considerado uma commodity energética e vem recebendo investimentos massivos, sobretudo dos países de economia desenvolvida.
Qual é o potencial dessa fonte de energia?
O Brasil possui grande potencial para a produção de hidrogênio verde, sobretudo por possuir uma matriz energética majoritariamente renovável (predominantemente hídrica, além de solar e eólica). Essa é uma das conclusões do relatório “Hidrogênio verde e o futuro das matrizes energéticas” produzido pela PwC Brasil.
Isso coloca o País em posição privilegiada para promover a descarbonização das cadeias produtivas e cumprir com as metas dos acordos climáticos internacionais. Uma pesquisa publicada no começo de 2023 mostra que o hidrogênio verde tem potencial de gerar até R$ 150 bilhões anualmente até 2050. Não à toa, a União Europeia anunciou recentemente investimentos de mais de R$ 10 bilhões na produção do composto em solo brasileiro.
São diversos os setores nos quais o hidrogênio verde pode ser aplicado. Destaca-se seu uso como combustível limpo para aviões, automóveis, caminhões e navios, além de fonte de energia para indústrias e residências.
Leia mais: Recuperar áreas degradadas na Amazônia é bom negócio; conheça o case da Restauragro
Quais são os benefícios do uso de hidrogênio verde?
O hidrogênio é o elemento químico mais abundante na natureza. Com a tendência de redução dos custos de produção nos próximos anos, essa pode ser tornar a principal fonte de energia limpa e renovável do planeta.
Para se ter uma ideia, segundo estudo citado em levantamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), há potencial para redução de até 60% do custo de produção do hidrogênio verde até 2030.
Diante deste horizonte, é importante conhecer os principais benefícios que o hidrogênio verde pode proporcionar para a sociedade como um todo. Destacamos:
Fonte de energia sustentável
Como comentamos, o hidrogênio verde não emite gases poluentes, seja para sua produção, seja para sua combustão. Além de gerar apenas vapores de água, trata-se de um composto com alta eficiência energética, uma vez que é altamente inflamável (alta taxa de combustão). Isso o torna mais vantajoso – do ponto de vista ambiental – do que fontes renováveis como solar e eólica.
Possibilidade de armazenagem
O hidrogênio verde pode ser armazenado na forma gasosa ou líquida, geralmente sob altas pressões e/ou baixas temperaturas. Isso permite que ele seja colocado em tanques e cilindros ou transportado por tubulações.
Além disso, desta forma, o hidrogênio é muito mais leve do que baterias de lítio, por exemplo, tornando-o mais prático e de fácil transporte.
Existem também a possibilidade de combiná-lo com hidretos metálicos, onde ele é combinado com metais e pode ser armazenado e transportado na forma sólida. Essa, inclusive, é uma alternativa mais segura.
Versatilidade de uso
O hidrogênio verde pode ser usado como combustível para veículos, fonte de energia limpa para a indústria e também para levar eletricidade a residências e comércios. Essa versatilidade o torna extremamente relevante para descarbonizar setores que, hoje, ainda são muito poluentes, como transporte de cargas pesadas e aviação.
Contribuição para economia de baixo carbono
Quando combinado com outras fontes de energia renovável, o hidrogênio verde pode significar um grande salto para a descarbonização do planeta e para zerarmos as emissões de CO2 até 2050, conforme previsto em acordos internacionais.
O hidrogênio cinza, como é chamado o composto produzido com auxílio de combustíveis fósseis, é altamente poluente. Segundo estimativas da International Energy Agency (IEA), a transição para o hidrogênio verde permitirá poupar 830 milhões de toneladas de gás carbônico todos os anos.
Embora o esforço de países e empresas de eletrificar a frota de automóveis e até mesmo aviões seja louvável, a produção das baterias de lítio que alimentam esses veículos ainda é um problema ambiental a ser resolvido. Nesse sentido, o hidrogênio verde se desenha como alternativa mais limpa e eficiente para reduzir as emissões.
Quer saber mais sobre o assunto? Saiba como as tecnologias verdes podem impulsionar novos modelos de negócio na Amazônia!