O incentivo à criação de negócios de impacto socioambiental tem se mostrado um dos caminhos mais relevantes para a mudança de paradigma na Amazônia, valorizando a floresta em pé e as comunidades locais.
No entanto, para que possam se tornar rentáveis e verdadeiramente fazer a diferença, esses negócios precisam de recursos, e nem sempre essa conexão com o mercado e com potenciais investidores é simples. É por isso que iniciativas como a Jornada Amazônia são tão importantes.
Neste post, entenda mais sobre a captação de recursos por startups e como esse processo se dá. Acompanhe!
Quais são os principais elementos que a startup precisa para captar recursos?
Geralmente, uma startup não é diferente de uma empresa normal. Isso significa que ela também deve atentar-se às melhores práticas de compliance e adequar-se à legislação.
Independentemente do regime tributário em que a startup se encaixa, ela deve se preparar como toda pessoa jurídica. Da mesma forma que essas empresas buscam os bancos por linhas de crédito, os investidores vão, via de regra, exigir o mesmo compliance que as instituições financeiras.
No entanto, o banco funciona como um credor da startup. O investidor, por sua vez, se tornará sócio da empresa, isto é, participará das decisões do dia a dia do negócio. Isso significa que a startup precisa elevar seu nível de governança, sobretudo porque as decisões serão compartilhadas.
Mas por que, então, essas empresas buscam investidores e não recorrem aos bancos? A resposta está na aversão ao risco. Como explica Drauz Reis, consultor e investidor-anjo, há muito mais investidores ávidos e dispostos a investir em uma startup do que as instituições financeiras, que são mais avessas ao risco.
Reis destaca outro fator importante a ser considerado do ponto de vista das startups: “Muitas vezes o investidor vem com uma visão de mercado muito mais ampla do que o empreendedor”. Ele conta que, na maioria dos casos, são executivos de altos cargos ou donos do seu próprio negócio que identificam nas startups um meio de solucionar dores da sua empresa.
“O investidor tem um mindset do nível de complexidade da organização dele, que é muito mais robusto do que uma startup, e tenta carregar essa estrutura de governança para dentro da empresa que está investindo”.
Isso inclui, por exemplo, a cobrança de relatórios diários e semanais de fluxo de caixa, relatórios de resultados quinzenais, reuniões para avaliar resultados, entre outras práticas que não fazem parte da rotina da maioria das startups.
Em qual estágio de desenvolvimento a startup precisa estar?
Uma startup pode começar a partir de qualquer investimento, e isso inclui recursos pessoais do empreendedor. Este valor é chamado de capital semente (seed money) e é apenas um exemplo de um dos estágios em que uma empresa pode se encontrar em termos de captação de recursos.
Diante das diferentes realidades e necessidades das startups, buscou-se criar nomenclaturas para categorizar as empresas em busca de investimentos e seus diferentes estágios.
Um deles é o pré-seed. Neste caso, falamos de startups que ainda tentam provar seu MVP (viabilidade mínima) e que, como vimos, muitas sequer têm uma pessoa jurídica constituída. Para os investidores, as empresas pré-seed representam um risco elevado, pois a taxa de sucesso nesta etapa é muito baixa.
A partir do momento que a startup se desenvolve, entramos no estágio de seed. Neste momento, a empresa pode encontrar tanto investidores que buscam apenas retorno financeiros, quanto aqueles que desejam participar da empresa, recebendo reports e criando uma relação com o empreendedor.
O passo seguinte são as etapas de investimento em si. Aqui, as startups podem avançar até o estágio de venture capital, por exemplo. Trata-se de uma modalidade de investimento em empresas com grande potencial de crescimento.
Por fim, a startup que percorreu toda essa jornada pode chegar a um porte suficiente para atrair um fundo de private equity, que é uma forma de investimento que se baseia na compra de participações da empresa.
Reis destaca que estas categorias não devem ser o principal balizador dos investimentos. Para ele, o mais importante é entender o grau de maturidade da startup e dos empreendedores, e a fase em que o projeto se encontra.
“É preciso entender ‘em que mercado eu estou?’. A partir do momento em que eu me situo, essas classificações variam muito de acordo com a realidade do Brasil. E dentro do próprio país, as realidades são muito diferentes. Temos um ecossistema avançado em Santa Catarina e um ecossistema ainda a se desenvolver na Amazônia”, exemplifica.
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Onde captar recursos para startups?
Via de regra, para ter acesso a investidores, existem dois caminhos: o empreendedor e o investidor. O primeiro se dá via o networking pessoal do empreendedor. O segundo, por outro lado, acontece por iniciativa do próprio investidor; são os chamados hunters, que vão ativamente atrás de oportunidades de investimento. “Acontece muito de investidores terem dinheiro, mas não haver projetos bons onde investir”, comenta Reis.
Sob a perspectiva do empreendedor, Reis destaca que o processo de acesso a recursos acontece ao longo de uma jornada. O primeiro passo é participação em programas de aceleração ou pré-aceleração.
Na pré-aceleração, a startups muitas vezes sequer tem uma pessoa jurídica constituída. São empreendedores com boas ideias ou protótipos, que tentam avançar dentro das suas limitações de tempo e dinheiro. Em muitos casos, são pessoas que não conseguem nem ao menos se dedicar inteiramente à sua empresa.
Já na aceleração, o empreendedor recebe o grade, uma espécie de nota que categoriza em que estágio a startup está. Nesta etapa, ele começa a receber fundos não reembolsáveis. Como o nome sugere, trata-se de investimentos que não precisam, necessariamente, retornar para o investidor.
Dentro desta perspectiva, iniciativas que oferecem esse suporte, como a Jornada Amazônia, possibilitam que esses empreendedores se coloquem em uma vitrine para potenciais investidores.
Plataformas como a Jornada Amazônia funcionam como campo de atração, criando um ecossistema que abrange tanto startups quanto investidores. Assim, consegue unir quem precisa de recursos e quem busca bons projetos para aplicar.
Reis destaca, porém, que o acesso ao investimento por parte das startups não acontece da noite para o dia. “É um processo de relacionamento e networking, de mostrar seus diferenteciais”, comentou.
Por outro lado, ele faz um importante apontamento: “Só de participar de um ecossistema assim, isso vai possibilitar que a startup tenha a oportunidade de conversar com investidores ligados a ele. E eu entendo que esse é, não o único, mas o mais eficiente mecanismo para elas acessarem recursos”.
Qual o perfil de investidor ideal para a startup?
É importante destacar que a busca por investidores deve ir além do possível aporte financeiro, do dinheiro pelo dinheiro. Segundo Reis, quando isso acontece, os projetos correm muito mais risco de não prosperarem.
Entra, aqui, o conceito de smart money. “Isso significa ter um investidor inteligente, que conheça o core business da startup, e, além disso, que vai prover a empresa com recursos de capital para suas necessidades de crescimento”, destaca Reis.
Ele complementa: “Nesse sentido, é o melhor dos dois mundos: ele não só ajuda com dinheiro, mas também com conhecimento”.
Como Reis destacou, contar com plataformas que facilitem o acesso aos atores de ecossistema inovador é fundamental para que as startups possam obter os investimentos que precisam para se tornarem negócios de impacto. Saiba como a Jornada Amazônia ajuda a fomentar a inovação nas cadeias da bioeconomia e conheça a iniciativa!