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A AeroRiver é uma startup nacional criada em 2020 e que desenvolve um veículo para resolver um dos principais gargalos da região amazônica: a questão logística.

Fundada por engenheiros do ITA, o objetivo da empresa é fornecer uma alternativa mais rápida e eficiente (tanto do ponto de vista de custos quanto de consumo de combustível) para pessoas, empresas e instituições do governo.

A AeroRiver participou do Programa Sinergia, da Jornada Amazônia. Durante as mentorias, aperfeiçoou seu modelo de negócio e pôde ter contato com grandes empresas e investidores interessados.

A seguir, vamos conhecer a história da startup, os detalhes do veículo e sua participação na Jornada Amazônia. Acompanhe!

Leia mais: Como a Jornada Amazônia ajuda a fomentar inovação nas cadeias da bioeconomia

O problema da Amazônia que deu início à AeroRiver

Um dos grandes desafios para as populações da Amazônia são as grandes distâncias que elas devem percorrer na região. Para se ter uma ideia, a região abrange cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados, o que representa mais da metade do território brasileiro. 

Em um lugar em que praticamente não existem estradas, em que o transporte aéreo é escasso e inacessível para a maioria das pessoas e em que a maioria dos veículos que existem (barcos) são lentos, a questão logística de cargas e pessoas é bastante precária. É comum viagens que duram até uma dezena de dias.

Diante da necessidade de interligar a região com mais praticidade e de preservar o bioma, a AeroRiver busca trazer uma alternativa mais eficiente e veloz para as comunidades e produtores locais.

Para isso, eles querem explorar o enorme – e ainda subutilizado – potencial de transporte fluvial na bacia amazônica e criaram o primeiro veículo de efeito solo do Brasil: o Volitan.

O objetivo da empresa é oferecer um transporte mais rápido e econômico que os barcos tradicionais.

A AeroRiver foi fundada por profissionais formados no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).

Lucas Guimarães e Felipe Bortolete se conheceram no curso de mestrado em Engenharia Aeronáutica e decidiram aplicar os conhecimentos adquiridos no curso para buscar soluções para esses desafios.

“Percebemos que o principal gargalo da região é a logística, e, baseado no nosso conhecimento, começamos a pensar em meios de usar a aeronáutica para resolver esse problema. Foi quando vimos que os veículos de efeito solo seriam a solução”, explica Lucas.

Como funciona o veículo desenvolvido pela AeroRiver

O Volitan pode ser entendido como um barco voador. Trata-se de uma aeronave que voa em altitudes bastante baixas, entre cinco e metros da água, podendo pousar e decolar dos rios.

Esta distância é proposital. Ela gera um efeito aerodinâmico chamado efeito solo, que permite ao veículo ficar 40% mais eficiente do que aeronaves que voam em altitudes maiores.

O Volitan tem 18 metros de comprimento e é movido a diesel. O barco voador alcança uma velocidade de até 150 km/h e pode percorrer uma distância de até 400 quilômetros sem reabastecer. Além disso, tem capacidade para transportar até 10 pessoas ou uma tonelada de carga. 

Além do transporte comercial de cargas e pessoas, o Volitan poderá ser utilizado também para as necessidades das Forças Armadas. As instituições do poder público também podem se beneficiar, sobretudo aquelas que prestam assistência às populações ribeirinhas.

Mas quão eficiente é o Volitan? A AeroRiver faz a comparação:

Em uma viagem entre Manaus e Parintins (437 km), o barco voador leva três horas para fazer o deslocamento, emitindo uma média de 36 kg de CO2 por passageiro.

Em uma lancha tradicional, a viagem duraria 10 horas e emitiria 42 kg de CO2 por pessoa. Já de avião, embora feita em apenas 1h10, a emissão chegaria a quase 60 kg de CO2 por pessoa.

Custos de operação reduzidos

O Volitan também é mais eficiente em termos de custo. Este mesmo deslocamento geraria um custo total de viagem de R$ 25,57 por passageiro, mais baixo que a lancha (R$ 28,57) e que o avião (R$ 40,98).

Outra vantagem em termos financeiros é que o Volitan pode operar com base na infraestrutura portuária que já existe na região. Com isso, os custos de operação podem ser reduzidos.

“A proposta é que em 2025 nós usemos esse protótipo em escala real para fazer todos os ensaios, todos os testes. Depois, validar o projeto e certificar o veículo, para que possamos começar a operar em 2026, com mais unidades e com o veículo já sendo comercializado. Pretendemos começar com transporte de carga e depois evoluir para o transporte de passageiros”, conta Lucas.

Leia mais: O que é e como funciona a exploração sustentável na Amazônia?

A contribuição da AeroRiver para o desenvolvimento da região amazônica

Apesar da infraestrutura logística precária e que sofre com as sazonalidades – muitas estradas ficam intransitáveis durante as cheias – a Amazônia tem um potencial econômico enorme.

Dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) relativos a 2022, mostram que sete milhões de passageiros e mais de 42 milhões de toneladas de carga foram transportados na Amazônia Legal.

Segundo o Banco Mundial, a Amazônia pode vir a render até R$ 1,5 trilhão ao ano a partir de atividades que reduzam as emissões de CO2 do aproveitamento dos insumos locais, como frutos, plantas e compostos químicos, e do ecoturismo.

Além disso, a Associação Brasileira de Bioinovação estima que a floresta tem potencial para gerar R$ 1,3 trilhão em faturamento industrial anualmente.

Esses dados são importantes para entendermos o impacto que o Volitan pode ter em uma região em que o transporte – de moradores, visitantes e cargas – é um dos principais entraves ao seu desenvolvimento.

E para efetivar esse impacto, a AeroRiver buscou diferentes formas de impulsionar seu projeto: investimento anjo, rodadas de captação e também a participação no Sinergia, da Jornada Amazônia.

Como o programa Sinergia apoiou o desenvolvimento da AeroRiver

Lucas conta que eles procuraram programas de mentoria ou aceleração, pois consideram que toda ajuda é importante para o desenvolvimento de um negócio que ainda está nas fases iniciais.

“Quanto mais olhares externos tivermos para dentro da empresa, mais vamos conseguir crescer. É sempre bom contar com a opinião de pessoas mais experientes, com outras vivências e experiências em relação a negócios”, comenta.

A escolha da AeroRiver em participar da Jornada Amazônia se deu justamente para ter um olhar externo de pessoas que tenham o know-how e o networking para ajudar a empresa a crescer.

“Foi muito importante para nós, pois pegamos mentores que estavam focados na parte de investimentos – que é o que estamos buscando agora”, conta Lucas.

E deu resultado: “Eles olharam nosso plano de negócios, viram nossas deficiências e o que poderia ser melhorado, e conseguimos ajustar isso para crescer ainda mais”, complementa.

Lucas também diz que foram muitos os benefícios ao longo do programa. Mas ele faz questão de destacar dois:

  • Networking: “dentro do programa, conseguimos contatos que não conseguiríamos se não estivéssemos participando da Jornada Amazônia”. Como exemplo, ele cita os contatos com empresas do porte da Boeing, Saab e Embraer.
  • Mentoria: “a melhoria no nosso plano de negócios para que tenhamos uma melhor aproximação e uma melhor conversa com os investidores”. Para ele, isso permitiu à AeroRiver apresentar melhor aos futuros investidores as necessidades da empresa e os benefícios em se juntar a ela.

Rede de contatos e novas oportunidades

Os contatos com os mentores e outras pessoas envolvidas na Jornada Amazônia também foram importantes. “Esses contatos não se encerram com o programa, eles vão continuar. Então, existem benefícios futuros e respostas que ainda virão”.

Ele finaliza: “A Jornada Amazônia ainda está impactando bastante o nosso negócio. O programa foi muito positivo, mas também todas as outras oportunidades que se abriram a partir daí, e o próprio engajamento da Jornada Amazônia para fazer com que a AeroRiver dê certo”.

A Jornada Amazônia é um projeto voltado para incentivar os usos sustentáveis diversos como forma de manter a floresta em pé. Conheça o programa Sinergia, do qual a AeroRiver participou, e saiba como podemos ajudar a sua empresa.