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A inovação e as novas tecnologias são capazes de promover transformações profundas em uma região. É o caso da aplicação do digital twin na floresta amazônica.

Em uma região com tantas cadeias produtivas, que dependem de tantos fatores – climáticos e humanos –, essa tecnologia ajuda a dar mais previsibilidade para a indústria e para os produtores, além de servir como base para embasar políticas públicas eficazes.

A seguir, vamos entender o uso e os benefícios da plataforma digital da floresta. Boa leitura!

O que é e como funciona o digital twin da floresta?

Digital twin (gêmeo digital) é uma tecnologia que permite criar uma réplica virtual de algum evento ou estrutura do mundo físico.

Isso é possível a partir da combinação de diferentes análises preditivas em um modelo padronizado. Isto é, em vez de projetar cenários considerando apenas uma variável, o digital twin é a união das predições de um conjunto de variáveis e métricas.

E para que a plataforma consiga fazer análises mais precisas, é necessário contar com dados confiáveis. Embora as premissas possam ser retiradas de estudos científicos e tendências históricas, os indicadores que vão permitir as predições precisam vir de dentro da floresta.

“Os modelos preditivos são apenas um recurso. Nós temos um conjunto de outras ferramentas, que são um sistema de rastreabilidade e uma plataforma de negócios, que geram informações reais das cadeias de valor desde a floresta. Por exemplo, é possível saber onde estão as castanheiras, quantos metros estão afastadas do rio, quais rotas produzem mais, entre outras informações”, afirma Daniel Penz, Business Leader e Desenvolvedor no ICA (Instituto CERTI Amazônia). E quanto mais variáveis forem embarcadas na solução, maior a assertividade e menor o risco de influência de fatores externos.

“À medida que mais organizações utilizam o sistema de rastreabilidade, nós mesmos geramos dados para criar novos entrantes e poder fazer uma análise melhor do que ocorre. E são dados exclusivos, isto é, que não existem em nenhum outro local”.

Esses dados ajudam a fundamentar políticas públicas, embasar decisões da indústria, auxiliar os produtores locais e, assim, estimular a bioeconomia na Amazônia.

Leia mais: Como promover a inovação na Amazônia?|

Quais as aplicações dessa tecnologia?

Um exemplo da aplicação do digital twin na floresta é a predição da produção e extração de castanha.

Em uma análise preditiva comum, seria possível realizar projeções com base, por exemplo, no histórico das safras.

A plataforma digital da floresta permite ir além ao criar um modelo fidedigno a partir da combinação de inúmeros fatores.

Como exemplos para este caso, o índice de precipitação e insolação na região. Relacionando-os, é possível predizer a safra das castanheiras com mais precisão.

Outro fator que impacta diretamente na produtividade das castanheiras na região amazônica é o nível dos rios.

O modelo de digital twin consegue mapear o nível das águas para predizer a produção de castanhas. Inclusive, foi a partir dessas análises que a plataforma conseguiu prever a tendência de seca forte que atingiu a Amazônia entre junho e novembro de 2023 e estimar a quebra da safra no ano.

A castanha é apenas um exemplo. A mesma lógica pode ser aplicada a outros insumos amazônicos e outros fatores que podem impactar a produção.

É o caso dos combustíveis para transporte local da produção. Daniel ressalta que o digital twin também pode ser utilizado para predizer os preços envolvidos na safra.

Partindo da premissa de que o principal componente de um preço são os insumos e que o principal insumo, neste caso, é o combustível, é possível criar um modelo com base nos dados do valor do produto, relacionando-o com variáveis de localização e custos de fabricação em cada localidade.

Assim, evita-se trabalhar com um modelo universal, que não daria conta das variações locais de toda a Amazônia.

Leia mais: Como os gêmeos digitais fazem a diferença para sistemas críticos e operações complexas

Qual a influência do digital twin da floresta na bioeconomia?

Os relatórios da plataforma digital da floresta podem ajudar os diferentes atores envolvidos na bioeconomia da região, desde extrativistas à indústria, e, com isso, fomentar esse mercado

Vamos entender melhor os impactos para cada um deles:

Extrativistas

“Um dos grandes desafios neste cenário é a obtenção de crédito”. Daniel explica que muitos produtores têm dificuldade em conseguir empréstimos com os bancos. Afinal, a única indicação que os produtores têm são suas próprias castanheiras.

A plataforma digital da floresta permite a essas pessoas terem “evidências” sobre sua atividade, com um relatório certificado que atesta a produção passada e a previsibilidade da safra futura.

Cooperativas

Daniel cita o caso de uma cooperativa de agroextrativistas de castanha da região. Ao serem informados da quebra de safra que ocorreria em virtude da seca no final de 2023, eles perceberam que os municípios produtores não teriam condições de atender a demanda já contratada. 

Dessa forma, com essa informação em mãos, a cooperativa expandiu o número de municípios envolvidos para dar conta dos pedidos fechados.

“É uma importante ferramenta para avaliar políticas públicas, tanto no nível dos extrativistas quanto das cooperativas, para que as associações possam se preparar e informar aos produtores do que vem pela frente. E também é importante para que a indústria possa trabalhar um cenário com previsibilidade da linha de produção e não parar”.

Indústrias

Como Daniel destacou, a plataforma digital da floresta possibilita à indústria uma maior capacidade de previsão. Isso, por sua vez, permite que as empresas façam uma programação mais precisa, inclusive das suas compras.

A partir das análises do digital twin, a indústria consegue, por exemplo, já negociar as safras dos próximos anos. Assim, se a predição apontar uma safra boa ou ruim, as empresas conseguem negociar os contratos com mais antecedência.

A rastreabilidade mais precisa e rígida dos insumos também é um ganho para a indústria. “Quando falamos em ESG, muitas empresas não sabem de onde nem de quem estão comprando. Outras compram e não sabem contabilizar todo o esforço envolvido: quantos quilômetros foram percorridos para colher esse produto? Quantas pessoas estão envolvidas? Quem são elas? De quantos territórios veio essa produção?”, destaca Daniel.

Ele finaliza: “nós fornecemos informações que contam a história desta cultura local e as evidências do que é produzido e da forma que é produzido”.

Frente às demandas atuais, ESG e bioeconomia devem andar de mãos dadas. Conheça os benefícios e as formas de integrar biodiversidade à sua estratégia e posicionamento ESG!