Com atuação nos Estados Unidos, a Amazonian SkinFood é uma empresa brasileira de cosméticos produzidos a partir de ingredientes amazônicos. Com foco em cadeias ainda pouco exploradas, a marca atua em proximidade com as comunidades tradicionais para a criação de cadeias sustentáveis e geração de valor e oportunidades.
A empresa foi uma das participantes do Programa Sinergia da Jornada Amazônia, que capacita e orienta empreendimentos de impacto para se conectar com o mercado e atrair investidores.
A seguir, vamos conhecer mais sobre a história, as motivações e os resultados obtidos pela Amazon SkinFood até agora. Boa leitura!
O uso de plantas da Amazônia na criação de cosméticos sustentáveis
A Amazonian SkinFood é uma marca de biocosméticos que usa ativos da floresta amazônica em formulações limpas e veganas.
A marca prioriza ingredientes de origem vegetal e processos mais naturais. Os produtos não possuem boa parte dos aditivos químicos comumente utilizados na indústria da beleza, como fragrâncias, e os conservantes aplicados são provenientes do processo de fermentação.
A Amazonian SkinFood foi fundada no final de 2021. Desde então, foram lançados dois produtos nos Estados Unidos – um creme facial e um óleo facial – e há um terceiro item em desenvolvimento. Juntos, eles formarão parte de uma linha básica de beleza abrangendo as principais etapas de um skincare: limpar, hidratar, tonificar e tratar a pele.
Segundo Rose Correa, cofundadora da marca, a ideia de contar uma linha reduzida de produtos de beleza é reduzir o consumo e a quantidade de produtos necessários para o cuidado diário da pele. “A mulher não tem muito tempo para fazer rotinas de sete ou até dez etapas. Então, buscamos fazer fórmulas bem funcionais, que cumpram mais de um função e reduzam esse consumo”, destaca.
Para alcançar esses objetivos, os produtos da Amazonian SkinFood possuem concentrações elevadas. Por exemplo: o óleo é feito com 100% de frutas da amazônia, sem preenchedores ou diluição com outros insumos.
Para ela, isso ajuda a gerar um consumo mais consciente, além de aumentar a durabilidade dos produtos. E é claro que a qualidade não é deixada de lado. Segundo Rose, dessa forma, os resultados são bem mais eficazes do que a maioria dos produtos encontrados em mercados e farmácias.
“São muitos ingredientes que estão lá e inexplorados”
A criação da Amazonian SkinFood surgiu de diferentes necessidades. Uma delas, foi uma necessidade pessoal de Rose. Ela conta que desenvolveu alergia a produtos de beleza, precisando buscar produtos mais limpos e naturais.
Diante da dificuldade em encontrar esses itens, ela percebeu que havia uma oportunidade de mercado a ser explorada.
Junto a isso, Rose sempre nutriu uma especial preocupação com a Amazônia e com os povos indígenas da região. A piora dos índices de destruição da floresta e o que ela considera ser o dever de retratação com os povos originários foram importantes motivadores para a criação de um negócio de impacto socioambiental.
Há ainda um terceiro elemento presente na criação da Amazonian SkinFood, como conta Rose: “eu comecei a pesquisar por vontade própria os ingredientes da Amazônia e percebia que havia um potencial muito grande para a indústria cosmética. São muitos ingredientes que estão lá e estão inexplorados, que ninguém usa”.
A partir das suas pesquisas, ela descobriu que muitas dessas plantas não só tinham o potencial para auxiliar em tratamentos de beleza, mas também para restaurar a floresta. Isso porque essas espécies têm uma grande importância para a biodiversidade da região e muitas delas já são utilizadas pelas comunidades locais, inclusive com fins medicinais.
“Então por que não trazer isso para o grande consumo, para mais pessoas, e fortalecer essa economia na floresta?”, questiona Rose.
Como a Amazonian SkinFood incentiva novas cadeias de produção
A Amazonian SkinFood escolhe seus ingredientes priorizando as cadeias menos exploradas na região. Embora questões de marketing levem a marca a trabalhar com produtos mais conhecidos e de cadeias mais difundidas, como o açaí, os demais insumos costumam ser mais exóticos, sobretudo para o mercado dos Estados Unidos.
Rose aponta, no entanto, que essas cadeias vêm de comunidades que já realizam um trabalho a partir dos seus próprios recursos locais. Então, em vez de apenas fortalecer cadeias que já possuem demanda, ela destaca que a saída encontrada pela marca foi se aproximar do conceito de economia circular e gerar valor para as comunidades.
“O ideal era trazer de volta para as outras comunidades que ainda não produzem nada, que ainda não têm a cultura do extrativismo e que, embora tenham a vontade e necessidade, não possuem os recursos para fazer isso”, conta. Hoje, a Amazonian SkinFood destina 10% dos lucros para que essas comunidades possam se estruturar e desenvolver novas cadeias.
Rose destaca que, devido ao pequeno porte da marca, isso ainda ocorre de maneira limitada. Atualmente, a empresa concentra sua atuação social em uma vila indígena cujos moradores querem desenvolver a cadeia de manteiga de murumuru.
No entanto, esse é um processo de longa implementação, que dependeria do apoio de outros agentes públicos e privados, seja em capacitação, treinamento, aquisição de equipamentos, cadeia logística etc. Diante dessa dificuldades, a alternativa encontrada pela marca foi a destinação dos recursos para fortalecer a estrutura básica da comunidade.
“Hoje, infelizmente, essas comunidades que não trabalham com a biodiversidade da floresta [como fonte de renda] apenas sobrevivem, elas não têm recursos. Essa verba que destinamos a elas faz muita diferença em termos de água limpa e alimentos, por exemplo”, enfatiza Rose.
Além disso, a Amazonian SkinFood ajudou a financiar a construção de uma escola indígena que, hoje, atende 60 crianças. Elas aprendem sobre a cultura, a língua e a tradição da comunidade. Disciplinas tradicionais, como português e matemática, e outros conhecimentos importantes, como finanças e reciclagem, também foram incluídas.
Olhar para a comunidade
A ideia de criação da escola na vila surgiu a partir de uma pesquisa que Rose fez sobre projetos em comunidades amazônicas que têm uma demanda por apoio, mas não contam com suporte de ONGs nem do governo.
Rose comenta que esta vila possui 200 pessoas e uma aldeia vizinha com cerca de 60 pessoas. A própria comunidade a convidou para propor uma parceria.
A escola foi uma decisão tomada pela própria comunidade. A partir de reuniões, os membros da vila decidiram que a prioridade deveria ser a educação. Juntamente às aulas, a escola oferece refeições para as crianças, com base nos produtos locais e na dieta tradicional daquele povo.
“Assim como eles, existem inúmeras outras comunidades ribeirinhas que precisam de apoio e têm necessidades para as quais seriam necessárias mais marcas como a nossa para fazer este novo mundo que estamos buscando”. E complementa: “à medida que a gente for ganhando destaque nos Estados Unidos, com certeza isso trará um reflexo bem maior na Amazônia”.
Por fim, Rose faz questão de destacar que, embora tenha sido fundada nos Estados Unidos, a Amazonian SkinFood deve desembarcar logo no Brasil.
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A Jornada Amazônia como apoio a negócios de impacto
Representando a Amazonian SkinFood, Rose participou do Programa Sinergia, da Jornada Amazônia. “Eu achei que poderia ser uma boa plataforma para o momento da nossa marca, em que já provamos nosso conceito no mercado, mas ainda estamos dando os primeiros passos”, afirma.
Segundo ela, este é um momento delicado e estratégico, em que é fundamental contar com aliados e ter a orientação correta para os próximos passos. Principalmente por se tratar de um momento em que há muitos desafios e oportunidades, mas ainda poucos recursos.
Rose enfatiza o papal do Programa Sinergia, sobretudo no que se refere à preparação e estruturação do negócio de acordo com suas necessidades.
No caso da Amazonian SkinFood, os objetivos eram a consolidação de mercado, networking e ajuda na captação de recursos. Ela também destaca as consultorias que obteve durante o programa em questões relacionadas a marketing digital e posicionamento de marca nas redes sociais.
“Meu networking, hoje, envolve várias startups da Amazônia, que acabam criando um hub de apoio que é muito importante para a empresa. Além disso, isso também trouxe possibilidades de novos investidores. Isso é muito valioso”, comenta.
O Sinergia é um programa que promove conexões de negócios com o mercado, investidores e com todo um ecossistema de inovação voltado para aumentar a competitividade e gerar valor para a bioeconomia na Amazônia. Acesse e conheça!