A alimentação plant-based, baseada em ingredientes de origem vegetal, tem ganhado adeptos em diversas partes do mundo por aliar saúde, sustentabilidade e ética no consumo.
Com motivações que vão desde a preocupação com o meio ambiente até o bem-estar animal e a busca por um estilo de vida mais equilibrado, essa tendência alimenta um mercado em expansão.
No contexto da Amazônia, a valorização de insumos nativos e sustentáveis dentro da lógica plant-based representa uma oportunidade estratégica para impulsionar a bioeconomia da região, impactando comunidades tradicionais através da geração de emprego e renda e contribuindo para a conservação da floresta.
Neste artigo, entenda o panorama do mercado plant-based no Brasil e no mundo e quais são as oportunidades desse universo para a bioeconomia da Amazônia. Confira!
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Panorama do mercado plant-based no Brasil e no mundo
O mercado plant-based tem apresentado forte crescimento no Brasil e no mundo, impulsionado por mudanças no comportamento do consumidor e pela busca por alternativas sustentáveis.
Uma pesquisa da Euromonitor, compartilhada pelo Good Food Institute Brasil (GFI Brasil), mostrou que a previsão para o setor de plant-based no país pode ultrapassar os US$425,3 milhões em vendas até 2026.
Além disso, um levantamento apontou que o Brasil é um dos principais países da América Latina nessa área, seguido por México, Chile e Argentina.
Globalmente, o mercado de alimentos à base de plantas deve ultrapassar US$75 bilhões até 2028, com um crescimento anual de 10,95%, impulsionado pela demanda por alternativas saudáveis e sustentáveis.
Apesar do crescimento, o setor enfrenta desafios como o custo elevado dos produtos, questões de sabor e textura, e a necessidade de comprovar benefícios à saúde. Em contrapartida, empresas investem em pesquisa e desenvolvimento para superar essas barreiras e atender às expectativas dos consumidores.
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Oportunidades para a bioeconomia da Amazônia no universo plant-based
A expansão do mercado de alimentos plant-based abre novas perspectivas para a bioeconomia da Amazônia, ao valorizar ingredientes nativos e práticas responsáveis.
A região abriga a maior biodiversidade do planeta, com potencial para produzir mercadorias diferenciadas. Investir nesse mercado gera valor agregado aos recursos florestais e impulsiona novas cadeias produtivas, além de criar oportunidades para inclusão social e desenvolvimento econômico local.
Ingredientes amazônicos como base para inovação
Frutas, sementes e oleaginosas da Amazônia — como açaí, castanha-do-pará, cumaru e tucumã — têm alto potencial nutricional e funcional. Esses ingredientes podem ser transformados em leites, farinhas, óleos e proteínas vegetais.
A pesquisa e o desenvolvimento de novas mercadorias com essas matérias-primas impulsionam a inovação no setor plant-based. Esse modelo de consumo também reforça a importância da conservação da floresta em pé e da preservação da ancestralidade.
Valorização de cadeias produtivas sustentáveis
O mercado plant-based pode fortalecer cadeias produtivas sustentáveis, baseadas no extrativismo responsável e na agroecologia. Ao conectar produtores locais com a indústria de alimentos, cria-se um ecossistema que promove o comércio justo e o uso consciente dos recursos naturais.
Isso incentiva práticas produtivas que respeitam o meio ambiente e contribui para que a Amazônia se torne uma referência global em bioeconomia regenerativa.
Desenvolvimento das comunidades locais
A integração das comunidades tradicionais nas cadeias do plant-based promove geração de renda e emprego. Com acesso a capacitação e mercados mais amplos, esses grupos agregam valor aos produtos da floresta.
O fortalecimento da economia local reduz desigualdades e incentiva a permanência das populações no território. Dessa forma, o modelo traz impacto social positivo aliado à preservação ambiental.
Iniciativas plant-based inspiradoras na Amazônia
Na Amazônia, diversas iniciativas estão transformando a relação entre alimentação, sustentabilidade e biodiversidade por meio de soluções plant-based.
Entre elas, a Mazô Maná, que se destaca com o Supershake da Floresta Amazônica, uma refeição completa em pó feita com ingredientes como cacau, cajá e cumaru.
O produto alia ciência e tradição, oferecendo alto valor nutricional e sabores autênticos da floresta em uma proposta prática, funcional e sustentável. A startup participou dos programas Sinergia e Sinergia Investimentos, da Jornada Amazônia, fortalecendo seu impacto e criando valor e escala econômica a partir da inovação.
Já a Horta da Terra, focada na produção de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) amazônicas cultivadas por meio de práticas agrícolas sintópicas e regenerativas, oferece super insumos em pó e 100% orgânicos que atendem diversos setores — de alimentos plant-based a cosméticos e suplementos — e fortalecem a bioeconomia local.
A startup integra a comunidade de Negócios da Jornada Amazônia, que inclui várias empresas que já passaram pelos programas ou receberam algum tipo de apoio.
Outro exemplo de iniciativa é a Cuíca, uma foodtech que desenvolve alimentos e bebidas saudáveis usando ingredientes vegetais nativos dos biomas brasileiros, com ênfase na Amazônia.
A empresa combina inovação e ancestralidade, atuando em parceria com povos originários e respeitando a biodiversidade em toda a cadeia produtiva. A Cuíca participou do programa Sinergia Investimentos, reafirmando seu papel na construção de um futuro mais escalável e regenerativo.
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